Caroline não aguentava mais. Nem o livro aberto que fora
jogado no sofá a satisfazia. Ela não voltaria para sala. Seus pais e irmãos se
divertiam diante do piano, mas nenhuma música iria lhe dar prazer naquele
momento. O tic-tac do relógio da biblioteca continuava fazendo o seu trabalho,
mas Caroline sabia que ele não estava fazendo seu trabalho completo. Seu amado
não voltara. Ela sentia essas pesadas palavras perfurarem seu peito como
uma adaga em brasa. Eduardo não voltara e não tinha chance de voltar nunca
mais. Se fora para sempre.
Caroline
desabou em uma cadeira perto da janela e caiu em prantos. Chorou como nunca
chorara antes. Como se algo valioso tivesse sido arrancado dela. Mas isso havia
acontecido. O destino, maldito destino havia levado seu doce Eduardo para
longe, além do horizonte.
Houve um
barulho na cancela. Ninguém podia ter ouvido, pois Caroline sabia que todos
ainda estavam a cantar ao redor do piano.Se levantou e seu rosto brilhava pelas lágrimas.Olhou diretamente para a cancela além da janela.
Havia um vulto vindo em direção a casa. Não um vulto qualquer, Caroline sabia,
era ele. Devia ser ele. Ela o reconheceria no meio de uma multidão.
Ela saiu correndo e foi para fora da casa sem ninguém ver. Sua alegria era imensa.
Quando Caroline apareceu na porta, ela o viu. Um homem robusto, alto, de
cabelos negros vinha em sua direção. Ela não conseguiria esperar. Foi ao
encontro do homem e no meio do caminho eles se encontraram.
- Eu sabia
que você voltaria – sussurrou Caroline – Eu sabia.
- Não
poderia deixá-la – falou Eduardo com sua voz suave que nenhum anjo ousaria
competir – É com você que eu quero passar a minha vida. Não consigo ver futuro
sem você ao meu lado. Sem a sua alegria, sua beleza e sua bondade. Seria o
homem mais infeliz desse mundo e dos outros mundos se não tivesse você, minha
amada, ao meu lado.
Caroline chorava. Mas não mais de
tristeza e sim de alegria e realização. Seu coração jubilava e seu sorriso
estava mais belo que nunca. Eduardo a abraçou e assim ficaram por alguns
minutos.
- Me perdoe
– falava Eduardo entre os cabelos castanhos de Caroline – Me perdoe por tudo.
- Te concedo
perdão – Caroline respondeu afastando – se de Eduardo para olhar aqueles olhos
verdes que ela tanto ansiava rever – Mas te peço: não me deixa nunca mais, pois
sou fraca e não aguentaria reviver essa experiência.
- Minha doce e gentil Caroline – falou Eduardo pegando as
mãos da dama e as beijando – Você não sabe o quanto meu coração foi torturado e
despedaçado nesses meses que estive fora. Sem poder sentir teu abraço caloroso,
sem ver esse lindo rosto. Essa maravilhosa moça que você mostrou ser no último
ano em que tive a sorte da vida em te conhecer. Como, me diga minha amada, como
eu viveria sem a felicidade que encontrei nessa casa e principalmente em você?
Eu a amo e sempre te amarei. Essa é minha única certeza nessa vida.
Os dois se
olharam por curtos segundos, tentando acreditar que aquilo era verdade. Eduardo
se aproximou de Caroline, segurou seu rosto e o levantou para ficar mais perto
do seu e a beijou. Beijou-a como nunca. Com tanta ternura, carinho, amor,
sentimentos que ele nunca havia demonstrado a ninguém...
Caroline se
viu com a cabeça deitada em sua escrivaninha. Levantou-se e foi em direção ao
espelho. Seu semblante não podia estar pior: Tinha sido apenas um sonho.
FIM
*Demorei, mas trouxe outra crônica minha =) Espero que gostem
Nenhum comentário:
Postar um comentário