terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Caroline


        Caroline não aguentava mais. Nem o livro aberto que fora jogado no sofá a satisfazia. Ela não voltaria para sala. Seus pais e irmãos se divertiam diante do piano, mas nenhuma música iria lhe dar prazer naquele momento. O tic-tac do relógio da biblioteca continuava fazendo o seu trabalho, mas Caroline sabia que ele não estava fazendo seu trabalho completo. Seu amado não voltara. Ela sentia essas pesadas palavras perfurarem seu peito como uma adaga em brasa. Eduardo não voltara e não tinha chance de voltar nunca mais. Se fora para sempre.
            Caroline desabou em uma cadeira perto da janela e caiu em prantos. Chorou como nunca chorara antes. Como se algo valioso tivesse sido arrancado dela. Mas isso havia acontecido. O destino, maldito destino havia levado seu doce Eduardo para longe, além do horizonte.
            Houve um barulho na cancela. Ninguém podia ter ouvido, pois Caroline sabia que todos ainda estavam a cantar ao redor do piano.Se levantou e seu rosto brilhava pelas lágrimas.Olhou diretamente para a cancela além da janela. Havia um vulto vindo em direção a casa. Não um vulto qualquer, Caroline sabia, era ele. Devia ser ele. Ela o reconheceria no meio de uma multidão.
           Ela saiu correndo e foi para fora da casa sem ninguém ver. Sua alegria era imensa. Quando Caroline apareceu na porta, ela o viu. Um homem robusto, alto, de cabelos negros vinha em sua direção. Ela não conseguiria esperar. Foi ao encontro do homem e no meio do caminho eles se encontraram.
            - Eu sabia que você voltaria – sussurrou Caroline – Eu sabia.
            - Não poderia deixá-la – falou Eduardo com sua voz suave que nenhum anjo ousaria competir – É com você que eu quero passar a minha vida. Não consigo ver futuro sem você ao meu lado. Sem a sua alegria, sua beleza e sua bondade. Seria o homem mais infeliz desse mundo e dos outros mundos se não tivesse você, minha amada, ao meu lado.
            Caroline chorava. Mas não mais de tristeza e sim de alegria e realização. Seu coração jubilava e seu sorriso estava mais belo que nunca. Eduardo a abraçou e assim ficaram por alguns minutos.
            - Me perdoe – falava Eduardo entre os cabelos castanhos de Caroline – Me perdoe por tudo.
            - Te concedo perdão – Caroline respondeu afastando – se de Eduardo para olhar aqueles olhos verdes que ela tanto ansiava rever – Mas te peço: não me deixa nunca mais, pois sou fraca e não aguentaria reviver essa experiência.           
            - Minha doce e gentil Caroline – falou Eduardo pegando as mãos da dama e as beijando – Você não sabe o quanto meu coração foi torturado e despedaçado nesses meses que estive fora. Sem poder sentir teu abraço caloroso, sem ver esse lindo rosto. Essa maravilhosa moça que você mostrou ser no último ano em que tive a sorte da vida em te conhecer. Como, me diga minha amada, como eu viveria sem a felicidade que encontrei nessa casa e principalmente em você? Eu a amo e sempre te amarei. Essa é minha única certeza nessa vida.
            Os dois se olharam por curtos segundos, tentando acreditar que aquilo era verdade. Eduardo se aproximou de Caroline, segurou seu rosto e o levantou para ficar mais perto do seu e a beijou. Beijou-a como nunca. Com tanta ternura, carinho, amor, sentimentos que ele nunca havia demonstrado a ninguém...
            Caroline se viu com a cabeça deitada em sua escrivaninha. Levantou-se e foi em direção ao espelho. Seu semblante não podia estar pior: Tinha sido apenas um sonho.


FIM



*Demorei, mas trouxe outra crônica minha =) Espero que gostem

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